Junto à pandemia do novo coronavírus, o mundo está enfrentando outra, a de saúde mental. Em agosto, a Organização Pan-Americana da Saúde emitiu um alerta sobre a necessidade de ações neste campo nos planos e esforços de resposta à Covid-19.No Brasil, um estudo brasileiro realizado em maio, junho e julho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e publicado pelo Journal of Psychiatric Research constatou que 80% dos brasileiros estão mais ansiosos neste período. A pesquisa revelou que as pessoas que já sofriam com estresse, ansiedade ou depressão tiveram maior reincidência durante a pandemia; já aqueles que não apresentavam problemas desenvolveram alguns dos distúrbios. E um deles é o transtorno de ansiedade.
O que é?
Sensação de que algo ruim pode acontecer, coração acelerado, suor… É a ansiedade, que traz os sentimentos de quando se está com medo, estado importante para o ser humano, permitindo reagir diante de situações diversas e se defender. Mas, quando as reações ocorrem de forma muito intensa, desproporcional ao estímulo ou tornam-se crônicas, com enorme sofrimento e perdas, a ansiedade vira doença.
Para a Dra. Marina Amaral Tavares, psiquiatra credenciada da FUNDAFFEMG, podemos comparar a ansiedade com a pressão arterial: quando elevada, gera diversas consequências em nosso organismo. Porém, ao contrário da pressão, não há um número que ajude a identificar níveis normais ou elevados. “Por isso, é essencial que o paciente procure auxílio médico quando sentir incomodado com tal situação”, pontua a médica.
Segundo a Dra. Marina “os transtornos crônicos de ansiedade podem aumentar os índices de mortalidade por doenças cardiovasculares, além de estarem relacionados à obesidade e a doenças psiquiátricas como depressão”. Os sintomas da doença podem ser classificados entre psíquicos e físicos, que variam de acordo com o grau da ansiedade.
Sintomas psíquicos
O paciente não foca no presente, está sempre pensando no futuro. Tem pensamentos rápidos e acelerados, pensa várias coisas simultaneamente – situação que atrapalha o sono, pois não consegue parar de pensar. O medo e a sensação de que algo ruim pode acontecer ou dar errado também é comum.
Sintomas físicos
O paciente pode apresentar taquicardíaca, falta de ar, náuseas, tremores em mãos e pés, sensação de formigamento pelo corpo, sensação de infarto ou AVC, insônia, sudorese e alteração do apetite.
Prevenção
Como a ansiedade possui um fator genético, podemos adotar medidas comportamentais para que seus sintomas não aflorem. Entre elas, a psiquiatra elenca escolher um estilo de vida saudável; fazer meditação, yoga, massagem ou acupuntura; inserir atividades físicas no dia a dia; optar por uma alimentação saudável; além de lidar melhor com o trabalho.
Caso as pessoas já tenham um quadro de ansiedade que interfira negativamente no cotidiano, devem buscar auxílio médico. “O tratamento para ansiedade funciona como um tripé: o primeiro pilar é a terapia cognitiva comportamental; o segundo, atividade física aeróbica por pelo menos três vezes na semana, por 30 minutos; e por último, a medicação”, diz Dra. Marina. Ela ressalta que a atividade física é tão eficaz que pode eliminar a necessidade do uso de medicação.
Fazendo um paralelo entre a ansiedade e o isolamento social, a médica destaca que a falsa sensação de controle e o ficar em casa são alguns dos fatores de risco para o distúrbio. “Mais do que nunca, é essencial investir em atividades físicas e na realização de atividades fora da rotina, como meditação, caminhada e yoga. Neste momento de pandemia, a opção deve ser por atividades individuais, que possam ser feitas em locais com distanciamento entre pessoas e uso de máscara”, recomenda.
Ela reforça que lidar com a ansiedade não é uma tarefa fácil, porém, pode ser feita. “A rede credenciada da FUNDAFFEMG possui psiquiatras e psicólogos prontos para atender aos beneficiários. Além disso, o SEMPRE-FUNDAFFEMG promove atividades para colaborar com o bem-estar e a qualidade de vida de todos”, diz.